terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Plenário do júri, a justiça sempre triunfa?

Algum tempo atrás, minha amiga advogada (eterna parceira dos Júris) e eu, em um caloroso debate no plenário, logramos êxito em absolver dois réus acusados de tentativa de homicídio. Pois bem, na época foi uma felicidade só, os acusados nos abraçaram, agradeceram e até deram a impressão que voltariam a trabalhar e, nunca mais se enveredariam para os caminhos tortuosos do crime. Ocorre que, nesse fim de semana, ao ler o jornal local, tivemos um susto, eis que aqueles nossos antigos clientes, novamente tinham praticado ato ilícito e estavam encarcerados em uma cidade aqui próxima. Daí, fico imaginando, como seria a vida deles se nós (minha amiga e eu) não tivéssemos nos preparados exaustivamente para absolvê-los, estudando horas a fio, realizando ensaios, debates etc. Tínhamos para nós que, estávamos praticando o bem para alguém, bem como para toda a sociedade e, ainda acreditamos sobre a recuperação das pessoas, será? Como é notório e sabido, a segregação carcerária hoje no Brasil, não ressocializa ninguém, muito pelo contrário, ali dentro, nasce a revolta na cabeça dos internos, o que alimenta uma bomba psicológica que a cada dia que passa, cresce mais, podendo explodir a qualquer momento. Será que nossa ação, tem o poder de desviar o curso dos rios? Teria o condão de corrigir sérios defeitos existentes nas pessoas? Perguntas que ecoam na minha cabeça e não me deixa, às vezes, dormir em paz. Para mim, estou praticando o bem, pois a vida de quem está aguardando liberdade não é fácil. Entretanto, o que falar para a sociedade quando, uma pessoa que ainda não estava madura o suficiente, ganha as ruas e volta a delinquir? A vida nos prega peças, e não nos dá uma receita certa e mágica para resolver nossas aflições. Enquanto as respostas não emergem cristalinas em nossas consciências, ficamos com nossa visão turva, como alguém, mergulhado em águas profundas, não encontra a superfície para poder respirar novamente.   

2 comentários:

Luciana disse...

Pois é. A personalidade voltada para o crime é muito complicada. E as vezes, a impunidade em um delito menor, incentiva a prática de outros piores.
Mas enfim, vc e sua colega garantiram o direito de defesa deles, e o fizeram com brilhantismo, tanto que conseguiram a absolvição.
E penso que sua responsabilidade no desfecho da história termina ai.
Cada um prossegue no seu caminho, conforme o aprendizado que adquiriu, aproveitando as chances da vida ou não!
Abs.

Morita disse...

Minha amiga Luciana. Como sempre, suas palavras foram muito bem colocadas. Realmente você está coberta de razão. Nossa responsabilidade termina com a absolvição dos Réus. Agora, se eles decidiram se enveredar para outros caminhos, diverso da retidão, da probidade, já foge da nossa alçada, não é verdade?? Muito obrigado pelos seus felizes comentários minha amiga.